Arquivo: Edição de 02-03-2010
Secção: Informação Regional
Medo de falar, de dar a cara, de represálias, medo de perder o emprego, enfim, medo das administrações
Medo no Centro Hospitalar do Nordeste
Cerca de 40 enfermeiros e auxiliares de Acção Médica reuniram-se junto à estação dos Correios de Bragança, em greve pela falta de estabilidade na carreira profissional e por lhes terem sido retirados os suplementos.
“Há 10 anos que somos licenciados e não recebemos como tal. As actualizações, em termos de carreira, não estão a ser feitas, nem tão pouco sabemos como vamos transitar para ela”, refere Elizabete Barreira, a trabalhar como enfermeira, há 10 anos, na Unidade de Bragança do Centro Hospitalar do Nordeste (CHNE).
Segundo esta profissional de saúde, “os salários estão cada vez mais baixos e, no CHNE, suspenderam os suplementos de horário nocturno das tardes, noites e fins-de-semana aos enfermeiros que estão em regime de contrato. Isso significa que eu, este mês, recebi 730 euros, quando devia ter recebido 1100”, comenta indignada.
Quando confrontada com o número reduzido de manifestantes, Elizabete Barreira afirma que, “as pessoas têm medo de falar e não dão a cara porque têm receio de perder o emprego, pois isto mexe com profissionais que dependem de um contrato de trabalho temporário.”
Na última greve convocada pelos enfermeiros, em Lisboa, estiveram perto de 20 mil, numa classe que ronda os 50 mil profissionais. No entanto, os sindicatos falaram numa ordem de adesão de 90%. A nível regional, as pessoas não se mobilizam porque têm medo de represálias, conta Elizabete Barreria. “Existem pessoas de Trás-os-Montes que vão a Lisboa manifestar-se porque lá sentem-se livres, mas aqui não o fazem com medo das administrações”, conclui.
Por: Bruno Mateus Filena
(VERGONHOSO)
28.3.10
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